Nos arredores da cidade de Goiás

Goiás, 1923

O viagem até a cidade de Goiás durou quinze dias tranqüilos. No caminho, Juvêncio e Arimatéia acabaram se tornando amigos. Obviamente, nada poderia substituir os longos anos de ausência nem tampouco expiar os erros de Juvêncio. Ambos sabiam disso. Porém, também sabiam que eram grandes as chances de nunca mais se verem de novo. Portanto, era a última oportunidade que tinham de se acertar, por de lado as diferenças e aproveitar estes últimos tempos.

Florinda, por seu lado, aceitava esta situação por amor a Arimatéia e tentava disfarçar o grande ódio que tinha por Juvêncio Pitanga. Ela sabia que seu irmão Teotônio havia sido morto por ordem dele. Ela viu os dias de sofrimento de seu pai, se martirizando pela morte do único filho homem e se contendo para evitar uma nova matança. Ezequiel Andrade nunca mais foi o mesmo.

Em muitas noites na estrada, ela pensava fazer justiça com as próprias mãos e assassinar Juvêncio. Quando ela pensava nisso, fechava bem os olhos e rezava para afastar os maus pensamentos. Que direito ela tinha de rezar? Estava ali, no meio do mato, fugindo com um homem sem consentimento de seu pai. Isto seria realmente pecado? Abrir mão de tudo e seguir um amor impossível? Ela sabia que sim, mas se recusava a crer. Tinha esperanças que Deus entendesse as razões do seu coração e a perdoasse.

Foi com grande alívio que ela viu a pequena cidade de Goiás aparecer entre as colinas. Ali acabaria de vez sua história entre Pitangas e Andrade. Quando Juvêncio partisse, ela seria uma nova mulher, distante do passado conturbado, da guerra de famílias que parecia não ter mais fim. Enfim, poderia ser apenas Florinda, sem o peso de ser Andrade.

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Os jagunços de Ezequiel Andrade esperaram em vão na cidade de Pirenópolis por vários dias. Tinham perdido o rastro deles perto do rio São Patrício, mas sabiam que era mais provável que eles tentassem ir para Pirenópolis. O plano era matar Arimatéia e Juvêncio, trazendo a menina de volta à força.

O problema é que eles sabiam que não se demorava tanto de Pilar até ali. Provavelmente teriam tomado outro caminho. O que diriam ao Coronel Andrade? Será que eles teriam se escondido em algum lugar mais perto? Será que tinham tomado inesperadamente outra rota para fugir?

O que Negro Tenório, capataz da Cascavel, mais detestava era esse marasmo, essa sensação de não saber o que fazer. Teria de esperar ordens do patrão de todo modo. Pudesse ao menos seguir sua intuição… Ei, era isso!

– Junte os cabras, vamos arribar acampamento. Sei pra onde eles foi.

– Mas pr’onde nós vai, nhô Tenório?

– Goiás. O lugar pra onde a mucama Maria fugiu. Arimatéia não vai sumir no mundo sem dar um beijinho de despedida na mamãe…

Os cabras subiram com pressa em seus cavalos e mulas e correram a todo galope para a cidade de Goiás, capital do estado. Se tivessem sorte, ainda poderiam cumprir as ordens do Coronel Ezequiel. Muitos ali teriam prazer em sangrar o Pitanga. Haviam muitos anos de conta serem acertados.

Naquela noite, enquanto descansavam rapidamente antes de continuar viagem, o peão Jocácio, braço direito de Tenório perguntou:

– Seu Tenório, como é que ocê sabe donde tá a mucama Maria? Ela fugiu faz tempo, grávida do Arimatéia, nos mato. Ninguém na Cascavel sabia donde ela tava…

– Ela veio me procurar quando escapuliu. Sabia que eu ia gostar de desagradar o Pitanga, ajudando ela a fugir. Pelo menos isso nos foi útil, agora sabemos pr’onde que ela foi. Achar o Pitanga agora é uma questão de tempo e sorte. Ele tá desacompanhado, sem a sua peonada. É a melhor chance que teremos para acabar com ele.

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Laurentino Pitanga recebeu com assombro a notícia de tudo o que tinha acontecido na fazenda. Claro, nunca tinha lhe agradado a idéia de casar com a filha do Andrade, mas ele sabia que sua vida ia mudar drasticamente a partir de agora. Tinha apenas dezoito anos e estava no último ano de seu internato. Tencionava continuar os estudos para ser advogado. Porém, o dia que menos esperava tinha chegado. Teria de voltar rapidamente para a Imperatriz. A guerra agora era iminente, ele precisava estar pronto para lutar pela sobrevivência de sua família. Se tudo desse certo, poderia estar em casa em aproximadamente um mês. Contando os dias, seria próximo do natal.

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– Vamos acampar aqui, perto da cidade – disse Arimatéia – Temos de ver como está o movimento, se há alguém nos esperando por lá. Não podemos correr o risco de sermos pegos desprevenidos. Amanhã eu mesmo vou até a cidade, também para comprar algum mantimento para nossa viagem. Aí veremos.

10 Respostas to “Nos arredores da cidade de Goiás”

  1. poetamatematico Says:

    Gente, resolvi mudar o destino da mucama Maria por uma questão geográfica. A cidade de Crixás é próxima demais de Pilar (fazia até parte do mesmo município). Provavelmente Crixás apareça posteriormente quando eu achar necessário falar de um lugar próximo das fazendas Imperatriz e Cascavel.

    Por ora é isso

    Abraços

  2. Darlana Godoi Says:

    Viva viva Viva… Tá muito bão sô!!!! tô adorando passei o dia lendo, quando precisar de consultoria geografiac , tamos aí!

  3. Marília Says:

    Uia!
    Tá muito bom de acompanhar!

  4. Ane Brasil Says:

    Rapá, isso tá melhor que novela!
    Caramba, fiquei com gostinho de quero mais!
    Sorte e saúde pra todos!

  5. Urban Says:

    Olha só, eu que não entendo muito da geografia destas bandas tou achando tudo ótimo, rs.
    O que me importa mesmo é a saga, o conflito, a estória que vai tomando corpo e atiçando nossa curiosidade.

    😉
    (recebeu o mail? tou curiosa, rs)

  6. Ane Brasil Says:

    E aí magrão? dá pra ser ou tá difícil?
    Tô me roendo de curiosidade, porra!

  7. lucas Says:

    eu acho legal,,,,,,,,,,,……………………………………………………………………………………………….a cidade de goias………………………………………..kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

  8. lucas Says:

    to querendo saber sobre a cidade de Goiás(as comidas tipicas) entedeu o quer que s-o-l-e-t-r-e.rs.ok!

  9. lucas Says:

    ei ane tu e loca é?

  10. lucas Says:

    ei ane tu é sapata

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